segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

6) Fato Social (Complementar)

          Os fatos sociais são reais, objetivos, sólidos, sui generis, isto é, não reduzíveis a realidades biológicas, psicológicas, climáticas, etc. Esses fatos sociais são relações sociais exteriores aos indivíduos que perduram no tempo, enquanto indivíduos particulares morrem e são substituídos por outros. Os fatos sociais não são somente exteriores ao indivíduo mas possuem “um poder coercitivo... pelo qual se impõem a ele, independentemente de sua vontade individual”. Os constrangimentos, seja na forma de leis ou costumes, se manifestam cada vez que as demandas sociais são violadas pelo indivíduo. 
         
         Assim, para Durkheim, o indivíduo sente, pensa e age condicionado e até determinado por uma realidade social maior, a sociedade ou a classe. Durkheim define o fato social como “cada maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer um constrangimento (uma coerção) externo sobre o indivíduo”. Alguém pode, por exemplo, pensar que age por vontade e decisão pessoal; na realidade, age-se deste ou daquele modo por força da estrutura da sociedade, isto é, das normas e padrões estabelecidos

6) O que é um fato social?


              Basicamente esse termo pode ser empregado corretamente para designar quase todos os fenômenos que se passam no interior da sociedade. No entanto  Durkheim atenta para a questão de que um fato social não deve ser observado apenas sob essa perspectiva. Se todos os fatos fossem sociais, a Sociologia não haveria objetivo próprio e seu domínio se confundiria com o da Biologia e da Psicologia. 

                Os sistemas de sinais de que utilizamos para pensar, o sistema de moeda que utilizamos no mercado, as práticas seguidas na profissão, etc., funcionam independentemente do uso que fazemos delas. Essas afirmações não são fatos apenas exteriores ao indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo. A prova disso se faz quando tentamos resistir a elas, onde a consciência pública, pela vigilância que exerce sobre os cidadãos, reprime todo ato que a ofende. Se não nos submetemos às convenções mundanas, se ao me vestir não levo em consideração os usos seguidos em meu país e em minha classe, o resultado são risos e afastamento que produzem de maneira atenuada os efeitos de uma pena propriamente dita.

                Um fato social pode ser caracterizado, portanto, como sendo maneiras de pensar, de agir e de sentir exteriores ao indivíduo,  dotadas de um poder  de coerção.



* Reproduzido de Dhurkein: "O que é fato social?"   In: As regras do Método Sociológico. Trad. por Maria Isaura Pereira de Queiroz. 6ª ed. São Pualo, Comapnhia Editora Nacional, 1972, p. 1-5, 8-11.

3)Como Durkheim dividia a sociologia?

  Durkheim dividiu a sociologia em 3 ramos principais que são a Morfologia Social, Fisiologia Social e Sociologia Geral. 
  Ele considerava que inicialmente deveria se estudar a sociedade no seu aspecto exterior, que segundo ele não deveria se limitar ao aspecto descritivo, deveria também explicar os aspectos estudados. Essa é a chamada Morfologia Social.

     "Deve procurar de onde resulta o fato de a população se concentrar em certos pontos mais do que em outros, o que faz com que ela seja principalmente urbana ou principalmente rural, quais são as causas que determinam ou limitam o desenvolvimento das cidades etc."


  Nesse breve trecho Durkheim descreve brevemente a área de atuação da Morfologia Social, que pouco depois ele resume como:

     "Estudo da base geográfica dos povos em suas relações com a organização social. Estudo da população seu volume, densidade e distribuição geográfica."

  A segunda divisão da Sociologia descrita por Durkheim é a Fisiologia Social que estuda as manifestações vitais das sociedades. A Fisiologia Social compreende uma complexa pluralidade de estudos em áreas particulares e variadas de fenômenos sociais.
  Durkheim descreve os principais ramos da Fisiologia Social que são:
    *Sociologia Religiosa
    *Sociologia Moral
    *Sociologia Jurídica
    *Sociologia Econômica
    *Sociologia Linguística
    *Sociologia Estética

  Por fim, a ultima parte seria a Sociologia Geral .Apesar de Durkheim ter subdividido a Sociologia em diversos ramos de estudo e considerar que seja impossível que um sociólogo possua conhecimento de todos esses ramos, ainda deve existir um estudo sintético da Sociologia de uma forma geral que una todas as partes envolvidas nos fenômenos sociais. Segundo Durkheim:

      " Por mais diferentes que sejam uns dos outros, os diversos tipos de fatos sociais não são portanto senão espécies de um mesmo gênero; deve-se pois pesquisar o que proporciona a unidade do gênero, o que caracteriza o fato social in abstracto e se não existem leis bem gerais de que as diversas leis estabelecidas pelas ciências especiais são formas particulares."

  No trecho acima fica claro que apesar de suas ramificações todas tem como base a mesma Sociologia e  portanto deve-se existir uma subdivisão que agregue todas as partes desse estudo em uma só, no caso a Sociologia Geral.



 





2) Qual a sua relação com o positivismo?
As Regras do Método Sociológico constituem a obra positivista de Durkheim por excelência, já que é nela que podemos identificar a defesa explícita dos principais elementos que constituem o positivismo.
Durkheim combinou a pesquisa empírica com a teoria sociológica. Sua contribuição tornou-se ponto de partida do estudo de fenômenos sociológicos como a natureza das relações de trabalho, os aspectos sociais do suicídio e as religiões primitivas.
 Émile Durkheim foi um dos responsáveis por tornar a sociologia uma matéria acadêmica, sendo aceita como ciência social. Durante sua vida, publicou centenas de estudos sociais, sobre educação, crimes, religião, e até suicídio.
                Um dos focos de Durkheim era em como as sociedades poderiam manter a sua integridade e coerência na era moderna, quando as coisas como religião e etnia não poderiam, já que estavam tão dispersas e misturadas.
                A partir disto, ele procurou criar uma aproximação científica para os fenômenos sociais. Descobriu a existência e a qualidade de diferentes partes da sociedade, divididas pelas funções que exercem, mantendo o meio balanceado.

domingo, 26 de fevereiro de 2012


7) Qual a relação entre o comportamento individual e as maneiras de ser coletiva?
 Existe para Durkheim, externa aos indivíduos, e mais do que uma simples soma das consciências individuais dos componentes de uma sociedade uma consciência coletiva.
“Em outras palavras, existem em nós dois seres: um individual, “constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco”, e outro que revela em nós a mais alta realidade”, um sistema de idéias, sentimentos e de hábitos que exprimem em nós o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos partes”.
Essa consciência comum ou coletiva corresponde ao “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tenha vida própria”. Quanto mais extensa é a consciência coletiva, mais a coesão entre os participantes da sociedade examinada refere-se a uma “conformidade de todas as consciências particulares a um tipo comum”, o que faz com que todas se assemelhem e, por isso, os membros do grupo sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros, ao mesmo tempo em que a sua individualidade é menor (Solidariedade Mecânica).
Nas sociedades onde se desenvolve uma divisão do trabalho, a consciência comum passa a ocupar uma reduzida parcela da consciência total, permitindo assim o desenvolvimento da personalidade.
Mas a diferenciação social não diminui a coesão, ao contrário, faz com que “a unidade do organismo seja tanto maior quanto mais marcada a individualidade das partes”. Uma solidariedade ainda mais forte funda-se agora na interdependência e na individuação dos membros que compõem essas sociedades (Solidariedade Orgânica).
Para se analisar uma sociedade o objeto a ser estudado deve ser o todo, e a consciência coletiva, não os indivíduos. É importante, no entanto, perceber que Durkheim não indica descartar todo e qualquer ato individual, ele aponta, sim, que os atos individuais e suas razões não importam à sociologia como objeto de análise.

Fontes: http://pt.scribd.com/doc/30645879/23/MORAL-E-VIDA-SOCIAL
http://old.kov.eti.br/ciencias-sociais/ciencias-sociais/artigos/sociologia/durkheim.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Solidariedade_social

5)  Qual a relação entre moral e vida social para Durkheim ?
A moral consiste em “um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve conduzir-se em determinadas circunstâncias”. No entanto, tais normas distinguem-se de outros conjuntos de regras porque envolvem uma noção de dever, constituem uma obrigação, possuem um respeito especial, são sentidas como desejáveis e, para cumpri-las, os membros da sociedade são estimulados a superar sua natureza individual.
As normas morais têm uma finalidade desejável e desejada para aqueles a quem se destinam.
Elas não são uma mera ordem...”experimentamos um prazer sui generis (de seu tipo) em cumprir com nosso dever porque é nosso dever. A noção de bem penetra na noção de dever. “Junto ao conceito de autoridade desenvolve-se o de liberdade, a “filha da autoridade bem compreendida. Porque ser livre não é fazer o que se queira; é ser-se o senhor de si, saber agir pela razão praticando o dever.”()
Cada povo, em um certo momento de sua história, possui uma moral, é com base nela que a opinião pública e os tribunais julgam, é a ela que se almeja, ela é o bem, negá-la é negar a sociedade e, embora possam existir consciências que não se ajustem a moralidade de seu tempo, existe uma moral comum e geral aqueles que pertencem a uma coletividade e uma infinitude de consciências morais particulares que expressam de modo distinto. Assim, se o educador tem uma ascendência moral sobre seus alunos é porque é para eles uma autoridade legítima, a qual não se da através do temor que possa inspirar mas da própria crença na missão que desempenha. O mesmo se pode dizer do sacerdote que fala em nome de uma divindade. Ambos são órgãos de entidades morais: um da sociedade e das grandes idéias morais de seu tempo e de sua terra, outro, de seu Deus. Mas é a sociedade e a autoridade moral, é ela que confere as normas morais seu caráter obrigatório.
Alem desse moral comum, existe uma diversidade indefinida de outras moralidades, expressas pelas distintas consciências particulares. O valor moral dos atos deve-se a que visam um propósito superior aos indivíduos, sua fonte é mais elevada e seu fim é a sociedade.
Em toda sua obra, Durkheim procura comprovar os princípios que fundamentam sua concepção de sociedade, esta, se nada mais fosse do que uma soma dos indivíduos que a constituem, não poderia ter valor moral superior à soma do valor moral de cada um de seus elementos. E, “ se existe uma moral, um sistema de deveres e obrigações, é mister que a sociedade seja uma pessoa qualitativamente distinta das pessoas individuais que compreende e de cuja síntese é o resultado”. Por isso é que, onde se inicia a vida do grupo, família, corporação, cidade, pátria, começa a moral.




4) Por que é da natureza das próprias ciências positivas não serem jamais acabadas?
Durkheim acredita que é da própria natureza das ciências positivas não serem jamais acabadas, pois, as realidades de que tratam são muito complexas para poderem ser algum dia esgotadas, pois, para Durkheim se a Sociologia é uma ciência positiva, pode-se garantir que ela não se limita a um só problema, mas, ao contrário, abrange diferentes partes, quais sejam, as ciências distintas que correspondem aos diversos aspectos da vida social. 

1) Quem é Émile Durkheim?
         Émilie Durkheim nasceu na cidade de Épinal (região de Lorena, França) no dia 15 de abril de 1858. Faleceu e Paris, em 15 de novembro de 1917. É considerado um dos pais da sociologia moderna.
          Na adolescência, presenciou uma série de acontecimentos que marcaram decisivamente todos os franceses em geral e a ele próprio em particular: em 1º de setembro de 1870, a derrota de Sedan; em 28 de Janeiro de 1871, a capitulação diante das tropas alemãs; de 18 de março a 28 de maio, a insurreição da Comuna de Paris; em 4 de setembro, a proclamação do que ficou conhecido como a III República, com a formação do governo provisório de Thiers até a votação da Constituição de 1875 e a eleição do seu primeiro presidente (Mac-Mahon).
          Porém, a vida de Émile Durkheim foi marcada pela disputa franco-alemã em 1871, com a perda de uma parte de Lorena, sua terra natal que tornou-se fronteiriça, com o advento da Primeira Guerra Mundial, ele viu partir para a linha de frente numerosos discípulos seus, alguns dos quais não regressaram, inclusive seu filho Andrés, que parecia destinado a seguir a carreira do pai.
          Estes acontecimentos marcantes refletem diretamente em suas obras, ou pelo menos em suas aulas. O ambiente é por vezes assinalado como sendo o "vazio moral da III República", marcado seja pelas consequências diretas da derrota francesa e das dividas humilhantes da guerra, seja por uma série de medidas de ordem política como: a lei de Naquet que instituiu o divórcio na França e a questão apresentada na assembléia em 1879 representada pela instrução laica, foi quando a escola se tornou gratuita para todos, obrigatória dos 6 aos 13 anos, além de ficar proibido formalmente o ensino da religião. O vazio correspondente à ausência do ensino da religião na escola pública tenta-se preencher com uma pregação patriótica representada pela que ficou conhecida como "instrução moral e cívica".
          Ao mesmo tempo em que essas questões políticas e sociais balizavam o seu tempo, outra questão de natureza econômica e social não deixava de apresentar continuadas repercussões politicas é o que se denominava questão social, ou seja, as disputas e conflitos decorrentes da oposição entre o capital e o trabalho valem dizer, entre patrão e empregado, entre burguesia e proletariado.
         Apesar dos traumas políticos e sociais que assinalam o final do século XIX e começo do século XX correspondem a uma certa sensação de euforia, de progresso e de esperança no futuro, se bem que os êxitos econômicos não fossem de tal ordem que pudessem fazer esquecer a sucessão de crises, registrava-se uma série de inovações tecnológicas que provocavam repercussões imediatas no campo econômico que convencionou-se chamar de segunda revolução industrial.
          Enfim, Durkheim foi um homem que assistiu ao advento e à expansão do neocapitalismo. Ele não resistiu aos novos e marcantes acontecimentos políticos representados pela Primeira Guerra Mundial, com o aparecimento simultâneo tanto do socialismo na Rússia como da nova roupagem do neocapitalismo.
          De família judia, seu pai era rabino e ele próprio teve seu período de misticismo, tornando-se agnóstico após a ida para Paris.
Na École Normael Supérieure vai se encontrar com alguns homens que marcaram a sua época, ele entra em 1879 e sai em 1882, portando o título de Agrégré de Philosophie (Formado em Filosofia).
Ali se tornara amigo íntimo de Jaurés e de Bergson, dois colegas que se notabilizaram, o primeiro como filósofo, mas, sobretudo como líder socialista, que se popularizou como defensor de Dreyfus e acabou por ser assassinado em meio ao clima de tensão politica às vésperas da deflagração da guerra em 1914, o segundo, filósofo de maior expressão, adotou uma linha menos participante e muito mistica, alccançou os píncaros da glória, nas Academias, no Collége de France, na Sociedade das Nações e como Premio Nobel de Literatura em 1928.
          Entre esses dois homens, tão amigos más tão adversos, Durkheim permaneceu no meio termo num plano mais discreto. O diretor da Normale era Bersot, crítico literário preocupado com a velha França e que chama a atenção do jovem Émile para a obra de Montesquieu. Sucede-o na direção Fustel de Coulanges, historiador de renome que influencia o jovem Émile no estudo das instituições da Grécia e Roma. Ainda como mestres sobressaem os neokatianos Renouvier e, sobretudo Boutroux.
          Durante os anos em que ensinou Filosofia em vários liceus, volta seu interesse para Sociologia. A França não oferecia ainda um ensino regular dessa disciplina, que sofreu tanto a reação antipositiva do fim do século como uma concepção de que a Sociologia constituía uma forma científica de socialismo.
Para compensar essa deficiência específica de formação, Durkheim tirou um ano de licença (1885-86) e se dirigiu à Alemanha, onde assistiu aulas de Wundt e teve sua atenção despertada para as “ciências do espírito” de Dilthey, para o formalismo de Simmel, além de tomar conhecimento direto da obra de Tönnies, que lançara sua tipologia da Gemeinschaft e Gesellschaft. Mas é surpreendente verificar-se que, apesar de certa familiaridade com a literatura filosófica e sociológica alemã, Durkheim não chegou a tomar conhecimento da obra de Weber, e foi por este desconhecido também. Isto não impede a Nisbet de dizer que Durkheim, em companhia de Weber e Simmel, tenha sido responsável pela reorientação das ciências sociais no século XX.
Achava-se, portanto, plenamente habilitado para iniciar sua carreira brilhante de professor universitário, ao ser indicado por Liard e Espinas para ministrar as aulas de Pedagogia e Ciência Social na Faculté de Lettres de Bordeaux, de 1887 a 1902. Foi este o primeiro curso de Sociologia que se ofereceu numa universidade francesa.
Nessa cidade, tão voltada para o comércio do Novo Mundo, florescera um espírito burguês e republicano, simultâneo com a manutenção do racionalismo cartesiano. Aí o jovem mestre encontrou condições adequadas para produzir o grosso de sua obra, a começar por suas teses de doutoramento. A tese principal foi De la division du travail social (A Divisão do Trabalho Social). Logo após, em 1895, publicou Les régles de la méthode sociologiquee, apenas dois anos depois, Le suicide. Assim, num período de somente seis anos, foram editados praticamente três quartos da obra sociológica de Durkheim, que demonstra uma extraordinária fecundidade teórica.
Talvez o curto lapso de tempo entre suas principais obras tenha propiciado uma notável coerência na elaboração e na aplicação de uma metodologia com sólidos fundamentos teóricos.
O que surpreende ainda em sua trajetória intelectual não é só a referida fecundidade, mas, sobretudo a relativa mocidade com que produziu a maior parte de sua obra. Fora para Bordeaux aos 30 anos incompletos e, no decorrer de uma década, já havia feito o suficiente para se tornar o mais notável sociólogo francês, depois que Comte criara esta disciplina.
Sua primeira aula na universidade versou sobre a solidariedade social, refletindo uma preocupação muito em voga na época. Além disso, a solidariedade constitui o ponto de partida não apenas de sua teoria sociológica, mas também da primeira obra estritamente sociológica que publicou.
Sua intensa atividade intelectual pode ser comprovada também pela iniciativa, tomada em 1896, de fundar uma grande revista, qual seja, L’Année Sociologique.
Em Bordeaux teve como colegas os filósofos Hamelin e Rodier, este comentarista de Aristóteles e aquele, discípulo de Renouvier, tendendo, porém, mais para o idealismo hegeliano do que para o criticismo kantiano. Ao deixar essa cidade, sucedeu-o Gaston Richard, seu antigo colega na Normale, mas que, dissidente mais tarde de L’Année, veio a se tornar um dos maiores críticos de Durkheim. Este, por sua vez, empreende sua segunda migração da província para a capital.
Em Paris é nomeado assistente de Buisson na cadeira de Ciência da Educação na Sorbonne, em 1902. Quatro anos após, com a morte do titular, assume esse cargo. Mantém a orientação laica imprimida por seu antecessor, mas em 1910 consegue transformá-la em cátedra de Sociologia que, pelas suas mãos, penetra assim no recinto tradicional da maior instituição universitária francesa, consolidando, pois o status acadêmico dessa disciplina. Suas aulas na Sorbonne transformaram-se em verdadeiros acontecimentos, exigindo um grande anfiteatro para comportar o elevado número de ouvintes, que afluíam por vezes com uma hora de antecedência para obter um lugar de onde se pudesse ver e ouvir o mestre, já então definitivamente consagrado.
O ambiente intelectual foi para Durkheim o mesmo que a água para o peixe, o que ele herdou de seu pai e transmitiu aos seus filhos. Seu filho, morto na guerra, preparava um ensaio sobre Leibniz. Sua filha casou-se com o historiador Halphen. Seu sobrinho Marcel Mauss tornou-se um dos grandes antropólogos, colaborador e co-autor de “De quelques formes primitives de classification”. A família praticamente se estende aos seus discípulos, que se notabilizaram nos estudos sobre a Grécia (Glotz), os celtas (Hubert), a China (Granet), o Norte da África (Maunier), o direito romano (Declareuil). Os mais numerosos tornam-se membros da que ficou conhecida como Escola Sociológica Francesa: além de Mauss, Fauconnet, Davy, Halbwachs, Simiand, Bouglé, Lalo, Duguit, Darbon, Milhau etc. Trata-se na verdade de uma escola que não cerrou as portas.


Fonte: http://www.culturabrasil.org/durkheim.htm.




domingo, 12 de fevereiro de 2012

7) Descreva os pontos mais importantes do texto

    O texto de Auguste Comte explicita a necessidade da formulação de uma nova forma de ciência positiva, a chamada por ele Física Social ou Sociologia.
    Para se entender o porquê da necessidade do surgimento da Sociologia, deve-se primeiro entender as bases e fundamentos usados que explicam tal fenômeno. Comte usa como seu principal pilar o Positivismo, baseado na Lei dos Três Estados, na qual ele divide as concepções do homem em três partes numa escala temporal, que são a Teológica, Metafísica e Positiva, nesta ultima o homem se livra das duas formas anteriores de conceber suas ideias e de pensar, que eram atribuídas a fenômenos sobrenaturais, e agora formula seus pensamentos através da ciência. A partir daí, Comte argumenta que a Física Social deveria se tornar também uma ciência positiva, assim como a Física, Química, Astrologia e Fisiologia.
    No texto o autor explicita muitas vezes a importância do positivismo, segundo o próprio Auguste Comte:  "A ciência conduz a previdência, e a previdência permite regular a ação" a frase que pode ser aplicada as ciências positivas mais conhecidas como a Física também deveria ser aplicada ao estudo social, e assim em um trecho do texto Comte usa a seguinte frase para descrever o objetivo da Sociologia: "O espírito dessa ciência consiste sobretudo em ver, no estudo aprofundado do passado, a verdadeira explicação do presente e a manifestação do futuro".
    A visão de Comte muito importante nos dias de hoje, não era nada comum em sua época (como se pode perceber no trecho a seguir) e por isso ele percebeu a necessidade de tal ramo da ciência.
 
    "Os métodos teológicos e metafísicos que, relativamente a todos os outros gêneros de fenômenos, não são mais agora empregados por ninguém, quer como meio de investigação, quer mesmo somente como meio de argumentação, são ainda ao contrário, exclusivamente utilizados, sob qualquer desses dois aspectos, para rudo o que concerne aos fenômenos sociais, ainda que sua insuficiência a este respeito já seja plenamente sentida por todos os bons espíritos, cansados dessas vãs contestações intermináveis entre o direito divino e a soberania do povo"

   Com o decorrer do texto, Comte vai mostrando algumas observações em relação ao comportamento da sociedade e de como ela evolui. Basicamente pode-se entender que o sistema social funciona como um ciclo de acontecimentos, segundo o próprio autor " dois movimentos de natureza diferente agitam a sociedade: um de desorganização, outro de reorganização" e tal ciclo movimenta e vai moldando a sociedade, que está sempre em transformação, de acordo com o tempo. Tal fenômeno era visto por ele como o motivo pela crise vivida pelas nações mais civilizadas.
   A partir de seu estudo e observações Comte iniciou uma discussão sobre a constituição das sociedades, difícil tarefa que até os dias de hoje é fato importantíssimo em nosso cotidiano.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

6) É possível ter o conhecimento exato da sociedade?
Sim, a sociologia é entendida por Comte no mais amplo sentido da palavra, incluindo uma parte essencial da psicologia, toda a economia politica, a ética e a filosofia da história.
Para Comte é o "fim essencial de toda filosofia positiva", é a totalização do saber  através da sociologia.
5) Discuta a relação entre ciência social e Biologia.
A biologia é a ciência que estuda os seres vivos, desde suas estruturas, suas dinâmicas, características, etc, até as interações entre os organismos vivos entre si e com o seu ambiente.
Muitos organismos vivos vivem em conjunto com outros de suas especies formando populações, estas populações interagem entre si formando as comunidades biológicas, estas por sua vez tem leis de interações como as redes tróficas.
A sociologia estuda a humanidade, suas relações e processos que interligam as relações entre os indivíduos, estudam seus comportamentos.
Apesar da biologia estudar aspectos semelhantes em outros seres vivos, o ponto principal que a difere da sociologia é que a sociologia estuda o homem, pois, o homem é o organismo dotado de inteligencia que possui história, e é a partir dela e do conhecimento adquirido ao decorrer do tempo que as relações entre a sociedade se modifica.
Podemos pegar como exemplo o homem medieval e o homem contemporâneo, ambos são da mesma espécie, biologicamente tem os mesmos genes, porem as leis que regem o pensamento, as instituições, as relações, entre centenas de outras coisas são totalmente distintas, diferentemente de um pombo que na era medieval é o mesmo animal que o pombo contemporâneo, suas relações com sua população e comunidade continuam sendo as mesmas, ou seja eles não possuem história..


4) O que é positivismo?
  O positivismo de Auguste Comte é um conceito que busca a experiencia imediata, pura através da observação dos fatos produzindo assim a verdadeira ciência de acordo com tais conceitos, sem considerar qualquer atributo metafisico ou teológico.
  O positivismo visa o estudo das leis que regem os fenômenos observáveis e suas experiências entre si deixando de lado a investigação da causa.
3) Quais as suas principais ideias?
  A filosofia de Comte diz que a sociedade só pode ser reorganizada através de uma completa reforma intelectual do homem.
  Esta ideia se centra em três bases, a primeira que uma filosofia da história cujo objetivo é de mostrar as razões pelas quais uma certa maneira de pensar(Chamada por Comte de filosofia positiva) deve imperar entre os homens, em segundo lugar, uma fundamentação e classificação das ciências baseadas na filosofia positiva e em ultimo lugar uma sociologia que, determinando a estrutra e os processos de modificação da sociedade permitisse a reforma prática das instituições, e deve-se citar também a reforma religiosa proposta nos últimos dias de sua vida.
1.A filosofia da história.
  É centrada na lei dos três estados onde a evolução da inteligencia humana comanda o desenrolar da história.
  As três fases distintas são : a teológica, a metafisica e a positiva.
  Na fase teológica se baseia em poucas observações, onde os fenômenos são explicados através de uma divindade propriamente dita fazendo com que a imaginação desempenhe um papel de primeiro plano.Na visão de Aguste Comte a mentalidade teológica visa a compreensão absoluta.
  Além da explicação de fenômenos naturais a mentalidade teológica desempenha um relevante papel de coesão social, essa mentalidade teria como forma politica correspondente a monarquia aliada ao militarismo.
A fase metafisica.
  É a substituição de uma divindade por "forças" como a natureza.Assim como a fase teológica, busca a solução absoluta de problemas do homem, a diferença porem é que a metafisica coloca  a argumentação no lugar da imaginação e a abstração no lugar do concreto.
Na politica o espirito metafisico corresponderia a uma substituição dos reis pelos juristas, suponde-se a sociedade como originaria de um contrato, tende-se a basear o Estado na soberania do povo.
A fase positiva.
  Desconsidera a explicação de fenômenos a um só fator, a experiência mostra as leis que governam tais fenômenos e que existem interconexões entre fenômenos mais simples até os mais complexos.
  Tal conhecimento das leis traz ferramentas para ser utilizadas nas técnicas , onde é possível saber as ocorrências de tais fenômenos, agir sobre tais fenômenos e modificar os que o sucedem ( "Ciência donde previsão,previsão donde ação").
  Nos domínios sociais  e políticos o positivismo humano marca a passagem do poder espiritual para a mão dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais.
2.Classificação das ciências.
  Nesta etapa Comte mostra que a periodização dos três estados das ciências não é concomitante , ou seja o estado teológico da astronomia pode não coincidir com o estado teológico da biologia.
Para Comte as ciências se classificam de acordo com a sua complexidade crescente, e sucessiva aparição de fenômenos positivos, a sequencia seria: a matemática, a astronomia, a física, a química, a biologia e a física social (sociologia), que para Aguste Comte é a ,mais concreta e complexa que engloba todas as demais, e encerra as conquistas do espirito positivo.
3. Física Social (Sociologia).
  É sobre a sociologia positivista que acontece a unificação da obra de Comte, e é nela que a totalização do saber é alcançada.
  O objeto da sociologia é a própria humanidade e nela se engloba uma parte essencial de filosofia, toda a economia politica, a ética e a filosofia da história.
  Comte distingue a sociologia estática da dinâmica, a primeira estuda as condições gerais de toda vida social, considerada a si mesma, em todo tempo e lugar.A segunda estuda a ordenação, do estado teológico ao estado positivo, estuda o progresso.
  Para Comte, a dinâmica social se subordina a estática, pois o progresso provem da ordem e aperfeiçoa os elementos permanentes de qualquer sociedade: religião, família, linguagem, entre outros. 
4. Religião da Humanidade.
  Esta religião positiva substituiria um Deus pela própria humanidade considerando-a como grande ser.
Esta religião se desenvolveu nos últimos quinze anos de vida de Aguste Comte, ele formulou um novo calendário cujo os meses receberiam os nomes de grandes nomes da história do pensamento como Descartes.  

    
2) Qual a importância do seu pensamento?
  O pensamento de Auguste Comte permitiu a introdução de conceitos de que a sociedade só pode ser reorganizada através de uma completa reforma intelectual, a filosofia positivista e a sociologia ambos criados por Comte exemplificam isto.
  A filosofia positivista nega a explicação de fenômenos naturais e sociais através de um só principio(Deus ou natureza, ou outra experiência equivalente), para Comte seria a subordinação da imaginação a observação.
  Para Comte toda a evolução da humanidade e das ciências se da através de princípios positivistas.As ciências que atingiram a positividade são respectivamente a matemática, a astronomia, a física,a química e a biologia (fisiologia), e por fim a ciência social (sociologia) que seria a mais concreta e complexa que engloba todas as demais, e encerra as conquistas do espirito positivo.
  Estas duas filosofias de Comte que se complementam, trouxeram uma nova ferramenta de estudo de comportamento das sociedades e de suas unidades através de fenômenos sociais.

Aguste Comte

1) Quem foi Auguste Comte?

  Isidore Aguste Marie François Xavier Comte (Aguste Comte) (Montpellier, 19 de janeiro de 1798 - Paris, 5 de setembro de 1857), foi um filósofo francês fundador do positivismo e da sociologia, esta antes denominada ciências sociais.
  Aguste ingressou na Escola Politécnica de Paris aos 16 anos de idade, onde recebeu grande influencia intelectual de cientistas como o matemático Lagrange e o astrônomo Pierre Simon de Laplace.
  Após sua saída da escola politécnica, Auguste Comte tornou-se secretário de Saint-Simon do qual recebeu grande e profunda influência intelectual.
  No ano de 1826 Comte iniciou um curso chamado de "Curso de Filosofia Positiva", do qual resultou uma de suas principais obras.
 Embora tenham ocorridas apenas três aulas devido a crise mental sofrida por Comte, as aulas foram frequentadas por grandes mentes da época como o filósofo HenriMarie de  B Blainville, e o psicólogo Jean-Éttenne Esquirol.
  Dois anos após separar-se de sua esposa Caroline,Comte publicou o "Discurso sobre o Espirito Positivo", ao mesmo tempo em que perdia o posto de examinador na Escola Politécnica Frances, devido a criticas feitas ao matemáticos no prefacio do ultimo volume do "Curso de Filosofia Positiva", nesta critica Comte afirmava que havia chegado o tempo de os biólogos e sociólogos ocuparem o primeiro posto do mundo intelectual.
  A perda de seu cargo na Escola Politécnica fez com que Comte passase a ser sustentado por amigos e admiradores.
 Em 1844, Auguste Comte apaixounou-se por Clotilde de Vaux que era esposa de um homem que se encontrava preso, Clotilde contudo considerava indissolúvel de seu casamento e não permitia que suas relações com Comte ultrapassassem os limites de uma intima amizade.Essa paixão fez com que o pensamento de Comte se transforma-se dando uma nova orientação a sua criação, principalmente após a morte de Clotilde um ano depois.
 Inspirado Comte deu inicio a uma nova religição, cujas idéias se encontram numa extensa obra em quatro volumes: "Politica Positiva ou Tratade de Sociologia Instituindo a Religião da Humanidade.Além dessa obra, Comte publicou, em 1852 o Catecismo Positivista ou Exposição Sumária da Religião Universal.
  Os últimos dias de Comte foram em grande solidão.